Sinceridade
e Autenticidade!
"Sinceridade
significa autenticidade – ser sincero, não ser falso, não usar máscaras.
Qualquer que seja o seu rosto verdadeiro, mostre-o, custe o que custar.
Lembre-se: isso não significa que você tenha de desmascarar os outros; se eles
estão felizes com as mentiras deles, compete a eles se decidir. Não saia
desmascarando ninguém, porque as pessoas são como são... seja verdadeiro
consigo mesmo. Não é preciso que você corrija ninguém no mundo. Se você puder
crescer sozinho, será o bastante.
Não seja um reformador e não tente dar lições aos outros, não tente mudar os
outros. Se você mudar a si mesmo, será o bastante como mensagem. Ser autêntico
significa permanecer verdadeiro consigo mesmo. Como permanecer verdadeiro?
Lembre-se sempre de três regras:
Primeira
regra:
Nunca dê
ouvidos a ninguém quando dizem o que você deve ser. Ouça sempre a sua voz
interior, o que você gostaria de ser; do contrário, vai desperdiçar sua vida
inteira... Preste atenção: a coisa mais importante é o seu ser. Não deixe que
os outros manipulem você – e eles são muitos; todo mundo está pronto para
controlar você, para mudar você, para lhe dar uma orientação que você não
pediu. Todo mundo quer ser o guia da sua vida. O guia existe dentro de você;
você tem o plano. Ser autêntico significa ser sincero consigo mesmo...
O motivo pelo qual todo mundo parece tão frustrado é que ninguém ouve a própria
voz... ouça sempre sua voz interior, e não ouça mais nada. Existem mil e uma
tentações ao seu redor, porque muitas pessoas estão mascateando as suas coisas.
É um supermercado; o mundo, e todo mundo nele está interessado em vender as
próprias coisas a você. Todo mundo é um vendedor. Se der ouvidos a muitos
vendedores, você vai ficar louco. Não dê ouvidos a ninguém, simplesmente feche
os olhos e ouça sua voz interior. É para isso que existe a Meditação: para
ouvir a voz interior.
A segunda regra mais importante:
– só se você cumprir a primeira regra poderá cumprir a segunda
Nunca use uma máscara. Se estiver com raiva, mostre a sua raiva. É perigoso,
mas não sorria, porque isso é ser falso. Mas lhe ensinaram que, quando você
está com raiva, deve sorrir. Então seu sorriso torna-se falso, uma máscara –
simplesmente um movimento dos lábios e nada mais. O coração está cheio de
raiva, veneno, e os lábios sorrindo: você se torna um prodígio de falsidade.
Então também se manifesta uma outra reação: quando você quer sorrir, não
consegue sorrir. Todo seu mecanismo está de cabeça para baixo porque, quando
queria ficar com raiva, você não ficava; quando queria odiar você não odiava.
Então você quer amar; de repente, você descobre que o mecanismo não funciona.
Então você quer sorrir, você precisa forçar o sorriso. Realmente, o seu coração
é todo sorrisos e você quer dar uma boa risada, mas não consegue rir... o
sorriso não sai, ou ate mesmo, se sair, será um sorriso apagado e sem graça.
Ele não deixa você feliz, você não se entusiasma com ele. Você não irradia
nada. Quando quiser ficar com raiva, fique com raiva.
Não há nada errado em ficar com raiva. Se quiser rir, ria. Não há nada errado
em dar uma risada. Pouco a pouco você vai ver que todo seu organismo voltou a
funcionar direito... não use máscaras; do contrário você vai criar disfunções
no seu mecanismo, bloqueios. Existem muitos bloqueios no seu corpo. A pessoa
que reprime a raiva fica com a mandíbula bloqueada. Toda a raiva vai para a
mandíbula e pára ali. As mãos ficam feias; elas não têm o movimento gracioso de
um bailarino, não, porque a raiva chega aos dedos e os bloqueia.
A raiva tem duas saídas para ser liberada: uma são os dentes, a outra são os
dedos. Se você reprime alguma coisa, existe no seu corpo alguma parte
correspondente à emoção. Se você não quer chorar, os seus olhos vão perder o
brilho... porque as lágrimas são necessárias; elas são um fenômeno muito vivo.
Quando uma vez ou outra você deixa as lagrimas correrem – quando você realmente
chora, você chora de verdade, e as lágrimas começam a correr dos seus olhos –
os seus olhos se limpam, se revigoram, recuperando a juventude e a pureza. Lembre-se:
se não puder chorar sinceramente, você também não poderá rir, porque essa é a
outra polaridade. As pessoas que conseguem rir também conseguem chorar; as
pessoas que não conseguem chorar não conseguem rir.
E a Terceira regra sobre a autenticidade...
Permaneça sempre no MOMENTO PRESENTE, porque tanto do passado quando do futuro é de
onde vêm todas as falsidades. Porque o que passou, passou; não se preocupe com
isso e não carregue como um fardo; do contrário isso não vai permitir que você
seja autêntico em relação ao presente. E tudo que não aconteceu ainda não
aconteceu. Não se incomode desnecessariamente com o futuro, do contrário ele
cairá sobre o presente e o destruirá. Seja verdadeiro em relação ao presente;
então, você será autêntico. Nem passado, nem futuro – o momento é tudo. O
momento é a eternidade inteira.
Siga essas três regrinhas e você vai conseguir ser sincero, verdadeiro,
autêntico. Então, tudo o que você disser será verdade. Comumente, você pensa
que precisa tomar cuidado para dizer a verdade; não é isso o que eu estou
dizendo. Estou dizendo: crie autenticidade e tudo o que você disser será
verdade.
A verdade não é uma coisa lógica. Por verdade eu quero dizer a autenticidade do
ser; sem impor nada que você não seja, apenas sendo o que você é,
independentemente
dos riscos, nunca se tornando um hipócrita. Se você está triste, fique triste.
Esta é a verdade; não a esconda. Não exiba um sorriso falso no rosto, porque
esse sorriso falso cria uma divisão em você. Quando você está com raiva e não demonstra
a raiva... é porque tem medo de que essa demonstração prejudique a sua imagem,
para que as pessoas pensem que você é compreensivo e digam que você nunca fica
com raiva. Elas gostam disso e isso é tão gratificante para o ego. Pois ficar
com raiva vai prejudicar a sua linda imagem; assim, em vez de prejudicar a
imagem, você reprime a raiva. Você está fervendo por dentro, mas por fora
continua compreensivo, bondoso, polido, doce. Aí acontece a divisão. As pessoas
produzem essa divisão durante a vida inteira; então a divisão se torna
absolutamente estabelecida.
Mesmo quando você está sentado sozinho e não há ninguém por perto, e não há
necessidade de fingir, você continua fingindo; isso se tornou um hábito
arraigado e automático... Então, não é uma questão de ser verdadeiro ou falso;
isso acabou por se tornar um hábito...
Por verdadeiro eu quero dizer não fingir. Seja exatamente o que você é – num
momento você está triste... e no momento seguinte, se você ficar feliz, não há
necessidade de continuar triste – porque também lhe ensinaram a ser sempre
coerente, a permanecer coerente...
Assim, não é só quando está triste que você finge sorrisos; quando você quer
sorrir, também finge tristeza por causa da idéia completamente estúpida de
permanecer coerente. Cada momento tem a sua característica peculiar, e nenhum
momento precisa ser coerente com nenhum outro momento. Assim, não é preciso se
preocupar com a coerência. Ninguém que se preocupe com a coerência vai se
tornar falso porque apenas mente com coerência. A verdade está sempre mudando.
A verdade contém suas próprias contradições – e essa é a substância da verdade,
essa é a sua vastidão, essa é a sua beleza. Portanto, se você está se sentindo
triste, fique triste – sem nenhuma censura, sem nenhuma avaliação como sendo
bom ou mau. Não se trata de ser bom ou mau; isso simplesmente acontece. E
quando acontece, deixe acontecer. Quando você começar a sorrir de novo, não se
sinta culpado só porque há pouco estava triste; então, como pode sorrir? Quando
estiver feliz, seja feliz; não há necessidade de fingir nada. Cada momento tem
uma realidade atômica: ele é descontínuo em relação ao momento anterior e não
está ligado ao momento futuro.
Cada momento é atômico. Os momentos não se seguem uns aos outros em seqüência;
eles não são lineares. Cada momento tem a sua própria maneira de ser e você
deve ser isso, nesse momento, nada mais. É isso o que realmente é considerado
como verdade.
Verdade significa autenticidade, verdade significa sinceridade. A verdade não é
uma coisa lógica. Ela é um estado psicológico de ser verdadeiro – não
verdadeiro de acordo com algum ideal, pois, se houver um ideal, você vai se
tornar falso. O homem verdadeiro não tem ideais. Ele vive momento a momento;
ele sempre vive como se sente no momento. Ele é completamente respeitoso em
relação aos próprios sentimentos, às próprias emoções, aos próprios humores. E
isso é o que eu quero que as pessoas sejam: autenticas, verdadeiras, sinceras,
respeitosas em relação à própria alma."
Osho em Intimidade.