Nunca imite
“A mente
adora imitar, pois imitar é muito fácil. Agora, ser alguém é muito mais
difícil. Tornar-se alguém é facílimo, basta ser um hipócrita, o que nem é muito
complicado. Lá dentro você permanece o mesmo, mas na superfície você segue se
maquiando de acordo com determinada imagem.
Por
exemplo, o cristão está sempre tentado ser como Cristo – é isso que a palavra
“cristão” significa, ele adoraria ser como Cristo; e caminha nessa direção;
mesmo que ainda esteja muito distante, vai seguindo devagar. Um cristão é
alguém que tenta ser como Cristo; um muçulmano é alguém que tenta ser como Maomé; e por aí vai.
Acontece
que, infelizmente isso não é possível, nada disso faz parte da natureza do
universo. O universo só cria seres únicos. A existência não tem a menor ideia
de como fazer réplicas, cópias de papel carbono ou de xerox, ela só sabe fazer
seres originais. E cada indivíduo é tão original e único que, se tentar ser
como Cristo, na verdade estará cometendo suicídio. Se tentar ser como Buda,
estará cometendo suicídio.
Assim, o
segundo pedido é: não imite. Se você realmente quer saber quem você é, por
favor, evite imitações; pois imitar é apenas uma forma de evitar conhecer a si
mesmo.
Você não
pode mudar as leis do universo. Você pode apenas ser o que você é, e nada mais.
E é maravilhoso ser quem você é. Tudo aquilo que é original irradia beleza, frescor,
perfume, vitalidade. Toda forma de imitação é algo morto, apagado, falso,
plastificado.
Você pode
até fingir, mas quem você acha que está enganando? Exceto a si mesmo, não
engana ninguém. E qual o sentido de toda essa enganação? O que você vai ganhar
com isso?
Ainda
hoje, há milhares de pessoas que vivem de acordo com os preceitos de Buda. É
bem possível que esses preceitos tenham sido bons para Buda, que ele tenha
feito um bom uso deles; não tenho nada contra Buda Gautama. Mas ele não estava
imitando ninguém!
É isso,
que você não vê. Você acha que Cristo imitava alguém? Se você tiver só um
pouquinho de inteligência, o mínimo que seja, já basta para entender esse fato
tão simples; não precisa ser nenhum gênio. Quem Cristo imitou? Quem Buda
imitou? Quem Lao-Tsé imitou? Ninguém! É por isso que eles floresceram. Mas você
está só imitando.
A
primeira coisa que você deve saber é que uma das bases de uma vida religiosa é
justamente não imitar. Não seja um cristão, não seja um muçulmano, não seja um
hindu. Só assim você vai descobrir quem você é.
O
problema é que, muito antes de descobrir a si mesmo, você acaba se
cobrindo com todo tipo de rótulos, e ao ler esses rótulos, pensa que é isso o que
você é – um muçulmano, um cristão, um judeu. Mas isso são apenas rótulos,
etiquetas coladas por você mesmo, por seus pais ou por todas as pessoas
bem intencionadas que o cercam."
(Osho- “Vivendo perigosamente A aventura de ser
quem você é”.)