quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

ACEITAÇÃO DA REALIDADE

PARA OS QUE QUEREM MUDAR O MUNDO À IMAGEM E SEMELHANÇA DE SEUS EGOS.
Considerações médicas: O que você chama de cultura é uma alucinação coletiva. Se você pudesse, acabaria com a guerra, a fome e a pobreza. Se pudesse, eliminaria os exércitos, as armas, o crime e a delinqüência. Se pudesse, protegeria a natureza e cada uma das espécies que a habitam. Se pudesse, mudaria o sistema econômico atual por outro que fomentasse a igualdade de oportunidade para todos os indivíduos. Algo me diz que a lista de coisas que você mudaria é infinita... É um gesto muito bonito de sua parte pensar assim. Lamentavelmente, você não esta aqui para mudar o mundo. A viagem da vida consiste em aprender a aceitá-la e amá-la incondicionalmente! E isso é algo que nunca lhe disseram. Não foi à toa que você nasceu em uma sociedade tão doente e arrogante, desconectada de sua dimensão espiritual por completo. Ninguém sabe nada sobre as leis que regem a ordem perfeita do universo. Você foi educado para mudar aquilo com que não concordasse. Mas o que vem chamando de cultura não é mais que uma alucinação coletiva. É a soma das distorções subjetivas que os seres humanos vêm transmitindo de geração em geração. Sua visão profunda da existência é equivocada, falsa e limitada. Por isso você se ocupa com todos os assuntos, menos os seus. A vida funciona perfeitamente sozinha; não interfira. Em nome da humanidade, por favor, pare de encher o saco!
Composição: Seja a mudança que você quer ver no mundo. Lutar contra a realidade é inútil, embora necessário para que você perceba que é inútil. O sofrimento derivado de tentar mudar o mundo lhe ensina que a única mudança necessária é a que você pode realizar em sua consciência. O melhor que pode fazer pela humanidade é ser feliz e aprender a estar em paz consigo mesmo. Pegue toda energia, o tempo e o compromisso que agora emprega para transformar o exterior e use-os para modificar seu interior. Seja você a mudança que quer ver no mundo. Aja! Mas na direção certa! Primeiro olhe para dentro. Cuide de seus próprios assuntos, Se quiser que o sistema econômico mude, mude sua maneira de ganhar dinheiro, emancipando-se do Papai Estado e da Mamãe Empresa. Se quiser preservar o meio ambiente, consuma menos, ou compre apenas produtos 100% ecológicos. Se quiser que haja mais amor na sociedade, ame ao próximo como a si mesmo. Mas ame primeiro a si mesmo! Pare de ser parte do problema. Isso é tudo. As coisas mudarão por si mesmas, a seu devido tempo e por meio das pessoas certas. Querer mudar o mundo é um déficit de aceitação, que é uma qualidade que se desenvolve quando você compreende que existe um plano pedagógico que rege a ordem do universo e que tudo que acontece é o necessário para que cada ser humano aprenda o que veio aprender.
Tratamento: Acredite que tudo é perfeito do jeito que é. Lembre-se que você não vê o mundo como ele é, e sim como você é. E que não se relaciona com os outros como eles são, e sim conforme a imagem de como deveriam ser segundo seu ponto de vista. A realidade é o grande palco no qual você se projeta diariamente. E também é o grande espelho no qual vê refletidas suas luzes e suas sombras. No momento em que transforma seus defeitos em qualidades, começa a ver a realidade como ela é, completamente neutra e necessária. Assim, todos os conflitos do mundo vão acabar no dia em que a maioria dos seres humanos resolver seus conflitos internos. Seja o primeiro a dar o exemplo. Durante três meses, aceite e ame a realidade como ela é, aceitando-se e amando-se incondicionalmente. Mas disfarce, não conte a ninguém. As pessoas vão se perturbar se ouvirem uma blasfêmia dessas. E dirão que você é uma má pessoa por ser tão frio, insensível e indiferente. Como não vão pensar assim se foram programadas para isso? Na medida do possível, corte o cordão umbilical com a sociedade. Emancipe-se do sistema dentro do sistema. Pare de ler jornais e ver as noticias na televisão. Desligue-se da “Matrix” e conecte-se à sua realidade, deixando de viver no mundo imaginário criado por sua mente e seus pensamentos. Viva o momento presente. E, esteja onde estiver, dê o melhor de si. Sempre.
Efeitos Terapêuticos: Liberte-se do sofrimento transpessoal. É impossível aceitar algo que você ainda não compreendeu. Assim como a água ferve ao atingir cem graus Celsius, quando você acumula certo grau de energia e de treinamento, aumenta seu grau de consciência e, portanto, seu nível de sabedoria sobre as leis que governam a ordem perfeita do universo. Só então é possível que você aceite o que é. Para se beneficiar dessa qualidade, precisa ter desenvolvido a evolução, a correspondência, a equanimidade, a gratidão, a confiança e a obediência. A aceitação provoca uma serie de efeitos terapêuticos (e ao mesmo tempo erradica a vontade de mudar o mundo). Ao cultivar sua inteligência transpessoal, acaba o sofrimento que você se provoca ao se relacionar com a vida.
·      Facilidade para não se perturbar cada vez que lhe falam de uma tragédia que ocorreu do outro lado do mundo;
·      Força para compreender e aceitar que mesmo as coisas que parecem mais terríveis são necessárias para quem as vive;
·      Perda de interesse em ir contra o sistema, empregando sua energia para modificar sua maneira de ganhar e gastar dinheiro;
·      Ataques temporários de lucidez, nos quais deixa que a vida se ocupe dos próprios assuntos;
·      Discernimento para saber quando esta interferindo nos assuntos da vida para não se responsabilizar pelos seus próprios;
·      Diminuição do uso de construções como “tem que”, “deve”, “precisa”, parando de se lamentar pelo estado do mundo por ele não atender à imagem mental que tem dele;
·      Frequentes episódios de "ataraxia", nos quais deixa de distorcer a realidade, detendo para sempre seu sofrimento.
(MAIS SENÊCA, MENOS PROZAC- Clay Newman,2015.)

A vida é a escola à qual vivemos para aprender a viver. Sêneca

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A paz no MOMENTO PRESENTE , a cada passo...

 O verdadeiro milagre não é caminhar sobre as águas, mas andar sobre a terra, viver o... MOMENTO PRESENTE!!!
 Com concentração, é possível encontrar Deus enquanto lavamos os pratos... observamos uma flor... olhamos nos olhos de uma criança.

Thich Nhat Hanh

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A LIMPEZA DOS NOSSOS VÍCIOS...

Se a questão é sermos viciados...

Porque não sermos viciados pelo Amor em nós próprios ? 


  Uma forma de encobrirmos os nossos medos são os vícios. Os vícios suprimem as emoções, deixamos de senti-las.

  No entanto, há toda a espécie de vícios, além das drogas. Existe aquilo a que eu chamo os vícios padrão: padrões a que recorremos para evitar viver a nossa vida no momento presente !!!
  Se não quisermos lidar com a situação que se apresenta a nós, se não quisermos estar onde estamos, arranjamos um padrão que nos isola dessa realidade. Para alguns é o vício da gula, para outros são as drogas.

 Podemos cultivar o vício de fazer afirmações positivas ou de fazer coisas que contribuam para o nosso bem!

 Pode ser que a predisposição para o alcoolismo seja genética, mas a opção de alimentar essa doença é sempre uma escolha individual. Frequentemente fala-se de problemas hereditários. Na verdade o que se passa é que a criança aceita o modo dos pais de enfrentarem o medo.
 Outros sofrem de vícios emocionais. Uma pessoa pode ser viciada em encontrar defeitos nos outros. Aconteça o que acontecer, há de haver sempre alguém sobre quem jogar a culpa. "A culpa é deles, fizeram-me isto."

  Pode haver quem tenha o vício de acumular contas. Há pessoas viciadas em dívidas: fazem tudo o que for preciso para estar endividados até os cabelos. E isto, normalmente, não tem nada a ver com o fato de se ter muito ou pouco dinheiro.

  Também podemos ser viciados na rejeição. Onde quer que se vá, atraímos as pessoas que nos rejeitam. Temos um jeitinho especial para encontrá-las. Todavia, a rejeição vinda do exterior é um reflexo da nossa própria rejeição. Se não nos rejeitarmos, ninguém o fará, e se alguém o fizer, também pouco importa. Faça a si próprio a pergunta: "O que é que eu não aceito em mim?"

  Há muitas pessoas viciadas na doença. Estão sempre com qualquer coisa ou então estão muito preocupadas com a próxima. Parecem membros do "Clube da Doença do Mês."

  Se a questão é sermos viciados, porque não nos viciarmos no amor por nós próprios? Podemos cultivar o vício de fazer afirmações positivas ou de fazer coisas que contribuam para o nosso bem!
(Louise Hay)

NOTA DO BLOG: (ADOTE O “VÍCIO” DO AMOR PRÓPRIO E SEJA O COCRIADOR DA SUA PRÓPRIA EXISTÊNCIA)!!!

terça-feira, 25 de outubro de 2016

BUSCA OU ENTENDIMENTO?


A Busca se baseia em alguma razão, o Entendimento não tem nenhuma!
A Busca tem esforço e propósito, o Entendimento é espontâneo e sem esforço!
O Entendimento está ausente na busca, enquanto o “buscador” está ausente no Entendimento!
A busca é formada por buscador, buscar e buscado, ao passo que esta trindade está completamente ausente no Entendimento!
A Pesquisa consiste de pesquisa, pesquisador e pesquisado, o Entendimento nega o próprio “pesquisador”!
A Busca é formada por fases, intervalos e talvez algumas práticas, ao passo que o Entendimento é eterno e ocorre apesar disso!
A Busca tem um objetivo, ao passo que o Entendimento em si não possui objetivo.
A Busca tem apoio de ouvir, ler ou refletir, enquanto o Entendimento é autossustentável (independente)!
O temor de esquecer o conhecimento acumulado prevalece na Busca, enquanto até mesmo  o pensamento de ter compreendido está ausente no Entendimento!
O cenário da Busca é a dualidade, enquanto o Entendimento é não-dualidade sem cenário!
A Busca é  um estado sempre mutável, ao passo que o Entendimento é um estado sem estado!
Na Busca existe o cadeado e ocorre a pesquisa pela chave, enquanto no Entendimento prevalece a convicção clara de que cadeado e chave nunca estiveram separados!

Jai Guru – NITIN RAM  (Livro Nada é Tudo de Mohan Gaitonde).


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Felicidade: Liberte a sua “criança interior"!

Quando se trata de felicidade não é necessário ler muitos livros, assistir a uma centena de workshops ou tirar um curso, basta observar e aprender com os maiores peritos em felicidade: as crianças.
O estado natural de uma criança é sorrir, basta estar junto de uma criança durante alguns minutos para ficar contagiado com a sua alegria. Claro que as crianças também se irritam, mas até aqui pode-se aprender uma ou duas coisas sobre a forma como elas rapidamente esquecem o motivo que as levou a alterarem o seu estado de humor. É normal que quando se passa algum tempo com uma criança se comece a recordar de quando você também era criança e da vida simples e livre de preocupações que levava.
A procura da felicidade é levada a cabo por quase todos os adultos, fique então com algumas lições que as crianças lhe podem ensinar:
Viva no presente
As crianças tem uma forma fantástica de viver a sua vida, vivem apenas um momento de cada vez. Os seus sentimentos são normalmente reflexo de um acontecimento que foi despontado num espaço temporal bastante reduzido, ou seja os seus sentimentos apenas refletem aquilo que lhes está a acontecer naquele momento. Por vezes tem pensamentos negativos, mas é normalmente por disputas relativas aos seus brinquedos, no entanto sempre que se distraem com alguma coisa nova rapidamente se libertam desses pensamentos e emoções.
Nós como adultos temos a tendência de nos mantermos chateados e revoltados bastante tempo depois de a ação que despontou esses sentimentos ter passado. Somos peritos em acumular ressentimentos e preocupações, o resultado é que vivemos mais o passado do que o presente. Neste caso é compreensível que não nos sintamos felizes, quando para nós o presente praticamente não existe e as coisas boas que vão acontecendo permanecem em segundo plano.
Mantém-te focado naquilo que está a fazer
Quando uma criança está entretida com uma qualquer brincadeira ela está APENAS e totalmente concentrada nessa atividade e para ela nada mais importa. Ela não está ao mesmo tempo a pensar no que vai fazer a seguir nem naquilo que devia ter feito.
Os adultos costumam andar permanentemente estressados porque mantém ativas na sua mente atividades passadas e futuras sem se aperceberem que aquilo que verdadeiramente interessa é o que estão a fazer nesse momento. O futuro ainda está para vir e o passado já passou não se pode mudar, apenas podemos ter uma ação efetiva sobre aquilo que estamos a fazer.
Usa a imaginação
Todas as crianças usam e abusam da imaginação, quer estejam a brincar ou a fazer um desenho. Adoram “fazer de conta” e ficam sempre super encantadas com histórias de magia e coisas que são humanamente impossíveis. Mas se pensar um pouco nisso a imaginação é a semente para a alegria. Quando você se deixa levar pelos seus sonhos, são libertadas endorfinas no seu organismo que lhe dão uma sensação de prazer, quase como se já estivesse a viver aquilo que sonha.
É engraçado que em adulto nos esqueçamos de usar a nossa imaginação. Na escola fomos ensinados a ser mais analíticos e a deixar de parte a imaginação. Isso fez com que ficasse-mos mais rígidos em relação aquilo que fazemos e às coisas que achamos possíveis e atingíveis. E quando as coisas não acontecem de acordo com o esperado ficamos chateados, estamos menos suscetíveis a novas possibilidades, tudo porque fomos perdendo a nossa capacidade imaginativa.
O céu é o limite
Para uma criança tudo na vida é possível. O céu é o limite, tem toda a sua vida pela frente e ainda não foram limitados a ficar conformados com o “possível” e “alcançável”, para uma criança basta sonhar e esperar que o sonho se concretize.
Lembra-te que nunca é tarde demais, podes ter 50, 60, 70 ou 120 anos, nunca é tarde demais para realizar os teus sonhos. Basta para isso que não permitas que te digam que não é possível ou que o teu tempo já passou, não deixes que os outros limitem as tuas ações. Nem muito menos te deixes conformar com o que tens, procura sempre realizar os teus sonhos. Vive sobre o lema, “alcançar o sonho ou morrer a tentar”, vais ver que qualquer que seja o obstáculo será muito mais fácil sorrir quando sentes que estás no caminho certo.
        Dá mais valor às coisas simples da vida
As crianças estão sempre alegres porque encontram divertimento em todas as coisas, mesmo nas mais simples. Uma criança fica entusiasmada apenas com uma simples borboleta ou quando salta para uma poça de água. Elas não perdem tempo a analisar as situações nem assumem o pior nas pessoas nem nas mais estranhas situações. As crianças mantém as coisas o mais simples possível.
A melhor forma de valorizar aquilo que tens é fazer uma lista com tudo o que tens na tua vida pelo qual estás agradecido. Tenta lembrar-te daquelas coisas simples mas que sem as quais tu não te sentirias feliz. Normalmente é das coisas mais simples que sentimos mais falta quando passamos muito tempo longe de casa ou quando nos separamos de alguém que nos faz sentir feliz. Ser agradecido por tudo o que já temos é um grande passo para te sentires muito mais feliz.
Cultiva bondade interior e confiança nos outros
Todas as crianças têm uma intrínseca bondade e inocência. Elas não fazem nada com intenção de magoar ninguém nem pensam que alguém a queira magoar. Sem esse tipo de intenções ou preocupações é fácil estar apenas alegre durante todo o dia.
Imagina como seria o mundo se todos nós pudéssemos trabalhar em conjunto com confiança mútua. Os adultos deveriam aprender com as crianças e colocar de lado as suas diferenças e olharem uns pelos outros. O amor gera felicidade.
Tem plena confiança em ver concretizados os teus desejos
É incrível a confiança que as crianças têm de que os seus desejos serão concretizados. Por diversas vezes vi uma simples criança dominar completamente um adulto com a sua persistência e sem nunca desistir de acreditar que vai conseguir os seus intentos. Acreditem que não é fácil resistir aos seus olhares profundos nem aos seus sorrisos rasgados, acabamos sempre por ceder.
Será que os adultos acreditam da mesma forma de que os seus sonhos serão realizados? Provavelmente não. Estamos demasiado viciados em preocupações desnecessárias e as nossas crenças limitam as nossas possibilidades. Mais uma vez aprende a viver sob o lema “alcançar o sonho ou morrer a tentar”, não se limite. Acreditar que é possível faz com que passe a ser possível. Apenas depende de ti, todas as coisas que existem tiveram início no pensamento de alguém.
Sumamente, para alcançar a verdadeira felicidade, temos de deixar a criança que existe em nós assumir o controle. Estar junto das crianças ajuda. Ao revelar a criança que tens em ti vais começar lentamente a deixar de necessitar carregar o fardo do stress e das preocupações. Vais sentir-te muito mais leve em busca da felicidade e verás que ela surgirá por si na tua vida.
Fonte: Blog:neurocrescimento Via: (Portal Arco Iris – Fátima dos Anjos).

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

LEI DA RENOVAÇÃO!

“É necessário, de tempos em tempos, esvaziar as gavetas do coração”, me disse o Velho, como carinhosamente chamávamos o monge mais antigo do mosteiro. Ele tinha me convidado para um passeio pela floresta, localizada nos arredores, ao perceber a minha inquietação e irritabilidade com os demais monges e discípulos da Ordem. Uma nova situação familiar tinha trazido à tona lembranças desagradáveis que alteraram o meu humor no trato para com todos e a minha paz para comigo mesmo. Reclamei bastante da maneira como algumas pessoas tinham me magoado no passado. Ele me olhou com sua enorme compaixão e disse: “O ressentimento cria uma verdadeira algema energética que te mantém atado ao ofensor em uma terrível prisão sem grades. A mágoa entope de sujeira o seu armário sagrado, o coração. A raiva envenena as águas que abastecem a fonte da vida, o amor”. Deu uma pequena pausa e concluiu: “É impossível ser feliz sem perdoar”.
Argumentei que eu já tinha perdoado, porém me negava a esquecer para não permitir que me magoassem de novo. O Velho riu com vontade quando falei isso, o que me trouxe ainda mais irritação. Depois, olhou como se mirasse uma criança e me instigou: “Você não conhece o perdão”. Falei que ele estava enganado, pois eu não desejava nenhum mal àqueles que me ofenderam e, assim, eu decretara o perdão. O Velho balançou a cabeça em negação e disse: “Não, Yoskhaz. Não desejar o mal é o primeiro degrau até o perdão; depois limpamos os escaninhos da alma até esquecermos a ofensa; por fim, desejamos o bem do agressor. Este é o percurso até o perdão”.
Ri com sarcasmo. Falei que ele colocava as coisas em níveis utópicos ou dificílimos. A voz do monge teve um tom misericordioso em resposta: “Não disse que era fácil. Falei o que é necessário. Amar apenas os que nos amam, os embrutecidos também conseguem. É preciso mais”. Fez uma pequena pausa e prosseguiu: “Atravessar o Caminho não é para fracos; aparar as arestas do ser, não é para os acomodados; conhecer a si próprio é para os sábios; realizar as transformações necessárias para a indispensável cura da alma não é para os mimados; iluminar as próprias sombras é batalha destinada aos grandes guerreiros; conhecer verdadeiramente o amor é destinado apenas aos fortes”. Deu uma longa pausa, seu olhar pareceu distante como recordasse de algo e falou: “Ser forte é uma escolha que fazemos todos os dias e está à disposição de todos e de qualquer um”.
Esbravejei que ele não sabia o que falava, pois eu não tinha sido apenas agredido, mas também humilhado. O Velho abriu os braços como quem diz que eu não sabia o que falava. Depois explicou com paciência: “Ser humilhado é uma permissão que você concede indevidamente ao agressor pelo simples fato de ainda não dominar a virtude da humildade em todo o seu infinito poder. Só o orgulhoso pode ser humilhado. Só o arrogante pode ser humilhado. Apenas o vaidoso pode ser atingido por esse mal. O antídoto para tal veneno é a humildade. Ser humilde é aceitar ser o menor de todos para perceber as próprias dificuldades e, assim, entender a escuridão do mundo e, consequentemente, do ofensor. A violência, física ou verbal, é o perfeito retrato das sombras que dominam o coração do agressor. Na verdade, o perfeito olhar mostra o violento se humilhando diante do Universo em pedido velado de ajuda. A ofensa é a máscara dos desesperados, dos perdidos nas sombras da existência. Toda pessoa agressiva é profundamente infeliz. A agonia é tão grande que se faz necessário extravasar. Ele acredita que pode transferir a sua tristeza, sem perceber que a escuridão não tem o poder de apagar a luz”.
“A violência é a linguagem incompreendida dos que sofrem”.
“Então, é a hora de oferecer a outra face em digna interpretação e exercício das palavras do Mestre, olhando o ofensor pelo prisma da compaixão, pois ele é apenas um sofredor que, no fundo, não entende o que se passa consigo. Só assim, nos aceitando como pequenos, nos tornamos grandes, imunizando o vírus da humilhação. Não à toa, a humildade é o primeiro portal do Caminho, a impedir que nada ou ninguém lhe furte a preciosa paz”.
“Permitir que a ofensa o atinja, magoe e humilhe é aceitar o convite para dançar no baile dos horrores que domina a alma do agressor. Encare-o com os olhos da compaixão e perceba que suas palavras e atos apenas espelham o desequilíbrio que o faz ser violento e injusto contigo. Já pensou o quanto de dor corrói o coração da pessoa que necessita da violência nos seus relacionamentos? O quão sombrio é a mente dos brutos? Quantas tormentas levam a nave existência desse indivíduo a sucessivos naufrágios nas tempestades da dor? Eles estão afogados nos mares da ignorância, do medo e das próprias trevas, a clamar de estranha maneira pelas boias da gentileza, pelo socorro da misericórdia, a beleza da compreensão, a grandeza da bondade e o bálsamo da paciência. A violência é incompatível com a felicidade. A escolha desse olhar sofisticado é a diferença entre os andarilhos do Caminho e aqueles que ainda vagueiam perdidos nas estradas vicinais da vida”.
“Entre as leis que compõe o Código Não-Escrito, que regula a jornada de todos pelo Universo, existe a Lei do Amor, dos Ciclos, da Ação e Reação, da Afinidade, da Evolução, das Infinitas Possibilidades, entre outras. Lá encontramos também a Lei da Renovação. Para iniciar um novo ciclo, ainda nesta existência, o andarilho tem que preparar a sua bagagem. Não se esqueça que leveza é indispensável para atravessar o Caminho. Assim, temos que deixar para trás tudo aquilo que não nos serve mais, que se faz desnecessário ou pesa demais. Acúmulos materiais excessivos, lixos emocionais, mágoas, preconceitos, condicionamentos sociais e culturais, ideias obsoletas, atitudes ultrapassadas, reações automatizadas, ou seja, todas as velhas formas, devem ser transmutadas. Para tanto, lembre de abrir todas as gavetas do coração e iluminar os seus cantos mais profundos em busca das sombras escondidas que insistem em nos enganar sobre as absurdas vantagens do revanchismo ou da ilusão de proteção. É indispensável limpar com uma vassoura de Luz todo e qualquer resquício de ressentimento, a poeira do ódio e as manchas da raiva”.
“A renovação é o justo passo anterior à transformação que alavanca a evolução; é amor e sabedoria em perfeita comunhão; é a alquimia de transformar chumbo em ouro dentro de si; é a metamorfose para as asas que te levarão além das fronteiras da dor e do sofrimento”.
Ainda inconformado, questionei sobre aqueles que me feriram. Falei que eles não poderiam ficar impunes, como se não tivessem me feito mal nenhum. Os olhos do Velho ficaram mareados. Talvez por entender a minha dor, talvez por conhecer a alma humana. Ou por ambas as coisas. Ele me falou com bondade: “Não se preocupe com as lições que cabem aos outros. A cada qual os ensinamentos que lhe são pertinentes, no tempo oportuno, com a doçura ou o rigor adequado ao empenho do aluno. A você cabe se aplicar às próprias lições, oferecer o seu melhor a cada dia, por onde passar. E amanhã um pouco mais, em razão da consciência sempre em expansão. Ninguém, absolutamente ninguém, ficará além do alcance das Leis Não Escritas. O Universo não abdicará de nenhuma alma, pois todas têm igual importância, sem privilégios ou esquecimentos. Lembre-se apenas de todas as dificuldades e problemas que você já enfrentou no passado e como eles te ajudaram a se transformar e a evoluir através de seus valiosos ensinamentos. Agradeça por todas as dores e alegrias”.
Argumentei que poderia haver, ao menos, um pedido de desculpas por parte do agressor. Ficaria mais fácil de perdoar. O Velho arqueou os lábios em sorriso e disse: “Sem dúvida que ficaria mais fácil, por isto o perdão ganha ainda mais força e poder quando é ato unilateral. O perdão é a farmácia do sofrimento e você não precisa esperar pela permissão do outro para se curar. Ninguém pode depender de ninguém para ser feliz, para seguir a sua jornada, para voar. A capacidade de perdoar define a exata grandeza de uma alma. Perdoamos independentemente do que os outros pensam. Perdoamos para libertar, a nós e aos outros”.
Eu disse que ele tinha razão e que de alguma maneira a minha alma já clamava por essa renovação. A mágoa pesa, o ressentimento cansa. Então, chorei muito. De soluçar. O Velho aguardou pacientemente que as lágrimas lavassem a minha alma. Depois em catarse, fui falando todas as situações do passado que me incomodavam, exorcizando-as do meu coração. Falei de como era boa a sensação de faxinar a alma, de zerar a conta para seguir com leveza. O Velho me alertou: “Você viu a porta, falta atravessá-la. Essas emoções densas estavam no comando e você retomou o poder que havia concedido a elas. Agora terá que transmutá-las, em incessante trabalho de refinamento do pensar e do sentir, para que elas, sempre sorrateiras, não voltem. Para tanto, precisa exercitar a magia da renovação, todos os dias, para sempre”. Balancei a cabeça em concordância e disse que me sentia bem por não precisar mais carregar nas costas a pesada mochila do sofrimento. Agora eu percebia a razão da sua completa inutilidade. Disse que entregaria à Inteligência Cósmica a aplicação da devida justiça. Ele me explicou: “Tenha desprendimento por qualquer sentimento de vingança ou não terá se libertado de verdade. Não acontecerá qualquer situação rasa de revanche. Justiça não é punição, é tão somente a educação para que todos possam aprender, se transformar, compartilhar e seguir. Este é o processo evolutivo. Se alguns precisam de lições mais severas para aprender, é apenas porque o Universo não desistirá de nenhum de nós, qualquer que seja o estágio evolutivo. Por puro amor”.
Extraído do blog: yoskhaz

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

NÃO EXISTE RESPOSTA PARA PERGUNTA QUEM SOU EU?



 Quando alguém busca pela raiz
do pensamento “eu”,
O próprio investigador é exposto
e evidenciado como um mito.
Isso resulta na dissolução
do sentimento de separação
e o reconhecimento final da Verdade,
o pano de fundo, sem imagens,
de todas as aparências.
A Pura Consciência é o Imutável,
No qual tudo surge
e é percebido
como um jogo efêmero .

Diálogos com Mooji