quarta-feira, 20 de junho de 2018


MEDO E PRAZER


No que diz respeito à maioria de nós, o medo é nosso constante companheiro; quer a pessoa esteja consciente dele, quer não, ele está presente em algum escuro recesso da mente; e nós estamos perguntando se é possível a mente livrar-se, completa e totalmente dessa carga...

A maioria de nós já teve temores físicos, como: o medo de uma doença, da ansiedade que ela inspira e da dor com que nos ameaça, ou a presença de um perigo físico...

Consideremos a dor física - Sofresses dores anteriormente e tendes medo de que elas voltem; esse medo é causado pelo pensamento, pelo pensares numa coisa que aconteceu um ano ou ontem, e que poderia tornar acontecer amanhã...

PODE ESSE MOVIMENTO DO PENSAMENTO QUE GERA O MEDO NO TEMPO, E QUE É TEMPO, CESSAR?

Estamos perguntando se a atividade do pensamento, que gera, cria, sustenta e nutre o temor; pode cessar naturalmente sem a mínima resistência. Antes de podermos descobrir  a verdadeira resposta, devemos examinar também o desejo de prazer; porque, aqui também, é o pensamento que sustenta o prazer....

O Medo e o prazer são as duas faces de uma mesma moeda; não podemos se livrar de um, sem nos livrarmos do outro também...

O pensamento está sempre a buscar alguma coisa, a sustentar o medo ou a evitá-lo; produz também o prazer, pelo nutrir continuamente a lembrança de uma experiência aprazível.

Estamos aprisionados nessa rede do medo e do prazer – fatores de sofrimento - COMO PODE ISSO TERMINAR?

- Vós tendes à obrigação de resolver estas questões se desejais uma vida de espécie totalmente diferente, uma sociedade diferente, uma nova moralidade...

- (INTERROGANTE): Dissestes que a reação instintiva de autoproteção, diante de um animal selvagem, é inteligência, e não medo, e que o pensamento que gera medo é inteiramente diferente.

- (KRISHNAMURTI): Não são diferentes? Não vedes a diferença entre o pensamento que gera e nutre o medo, e a inteligência que diz “Cuidado!” O pensamento criou o nacionalismo, o preconceito racial, a aceitação de certos valores morais; mas o pensamento não vê a periculosidade dessas coisas. Se a visse, haveria então a reação, não de medo, mas da inteligência, reação que seria idêntica à do encontro com uma serpente. Diante da serpente, há uma reação natural de autoproteção; diante do nacionalismo, que é produto do pensamento, que separa os homens, e é uma das causas da guerra, o pensamento não vê o perigo.

(Trechos da palestra de KRISHNAMURTI 26 de julho de 1970).
        

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